sexta-feira, 25 de setembro de 2020

NECESSIDADE DO MILAGRE


NECESSIDADE DO MILAGRE - Sylvio Neto

Quatro décadas/Após a gênese/ Senhora da cosmogonia de meus passos/

Ainda vejo escuro/o palmo/ A frente de meu passo.

 Ainda não consigo/responder a questão/sobre quem sou.

 O que Sartre sabe de mim que eu não sei?/" O homem somente entende a sí

mesmo de maneira prática"/ O pensar-se e sua síntese/ esfarelam-se sob

a textura do real/Quem sou afinal?.


 Tenho certeza que nada parecido com Fillias Fogg/ou Espartacus/Quem

sabe D. Quixote/ a combater moinhos de vento?.

 Saber no todo não sei/ Mas, no particular/Posso transformar um

momento/Posso criar e fazer vento/Posso colorir e trazer alento.

 Transformo a realidade do momento/Naquela letra/ que junta a esta/e

mais outra/comove o outro/por conseguir conter o inefável momento.

 

Eu sou amor/disso sei.

 E que o amor/ não se baseia na verdade/está claro/Quando afirmo/ que quem sou/não sei

 Parece-me por vezes/que posso contar comigo/Está claro/ que por outras/não sou ninguém.

 Falar de mim:/como a rosa no jardim/ou o minuto no tempo/è revelar segredos/pequenos demais.

se fosse eu/o tungstênio a impedir a fissão/ou a pedra de roseta a

permitir a comunicação/Seria adulto/Como precisa um homem de minha idade ser.


 Quem sou afinal?

 Pendo mais para o pai de Clark/que ao de Lex/ Sou muito menos Iris e

Jurema/Que precisava ser/ Estou mais para Prestes/ que para Olga/ Seria Judas Iscariotes e jamais Paulo.

 Marcela ou Saulo?/de A ostra e o Vento/ Nem Alexandre, O Grande/ Nem

Fernão Capelo Gaivota/Nem Bart Simpson/nem qualquer idiota/ do tipo de Bob Esponja.


 Melancólico

 Metido a humilde/Senhor de nós apertados/Que não acredita/em contosde fadas


Um comentário:

Sylvio Neto disse...

Amo, amo, amo
Esse poema
Ele é uma das peças que me orgulho, ter escrito
Bjs
SN