NECESSIDADE DO MILAGRE - Sylvio Neto
Quatro
décadas/Após a gênese/ Senhora da cosmogonia de meus passos/
Ainda vejo
escuro/o palmo/ A frente de meu passo.
Ainda não
consigo/responder a questão/sobre quem sou.
O que Sartre sabe
de mim que eu não sei?/" O homem somente entende a sí
mesmo de maneira
prática"/ O pensar-se e sua síntese/ esfarelam-se sob
a textura do
real/Quem sou afinal?.
Tenho certeza que
nada parecido com Fillias Fogg/ou Espartacus/Quem
sabe D. Quixote/ a
combater moinhos de vento?.
Saber no todo não
sei/ Mas, no particular/Posso transformar um
momento/Posso
criar e fazer vento/Posso colorir e trazer alento.
Transformo a
realidade do momento/Naquela letra/ que junta a esta/e
mais outra/comove
o outro/por conseguir conter o inefável momento.
Eu sou amor/disso
sei.
E que o amor/ não
se baseia na verdade/está claro/Quando afirmo/ que quem sou/não sei
Parece-me por
vezes/que posso contar comigo/Está claro/ que por outras/não sou ninguém.
Falar de mim:/como
a rosa no jardim/ou o minuto no tempo/è revelar segredos/pequenos demais.
se fosse eu/o
tungstênio a impedir a fissão/ou a pedra de roseta a
permitir a
comunicação/Seria adulto/Como precisa um homem de minha idade ser.
Quem sou afinal?
Pendo mais para o
pai de Clark/que ao de Lex/ Sou muito menos Iris e
Jurema/Que
precisava ser/ Estou mais para Prestes/ que para Olga/ Seria Judas Iscariotes e
jamais Paulo.
Marcela ou
Saulo?/de A ostra e o Vento/ Nem Alexandre, O Grande/ Nem
Fernão Capelo
Gaivota/Nem Bart Simpson/nem qualquer idiota/ do tipo de Bob Esponja.
Melancólico
Metido a
humilde/Senhor de nós apertados/Que não acredita/em contosde fadas
Um comentário:
Amo, amo, amo
Esse poema
Ele é uma das peças que me orgulho, ter escrito
Bjs
SN
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