terça-feira, 31 de agosto de 2021

Olhos de Coração


Olhos de Coração
por Sylvio Neto


Meus olhos são faróis

a me guiar

e ainda anzóis

mergulhados no ar

a pescar abraços


Meus faróis

não se apercebem

da claridade ou da escuridão

de cada ser...

cada um é um abraço -

eu simplesmente deixo acontecer


Quando vejo, já é tarde

meu anzol iscou quem come criança

quem despreza e maltrata um idoso

quem destrói uma família

quem cospe na amizade


E aí já é tarde...

O abraço já foi dado

no olhar fica a saudade

do tempo, que o ido, fora de verdade




sábado, 21 de agosto de 2021

Sei bem do inevitável



Sei bem do inevitável
Por Sylvio Neto


Sei bem do inevitável, com o passar dos anos vou falar mais sozinho do que falo agora.

Ainda sobre revolução e evolução, a sociedade anda tropeçando - tropega involui

Os dias passam e não observei, forma nova de falar de amor, tipo um, Eu te amo, dito de forma diferente

No dia a dia, é: Bom Dia e a resposta, quando vem é "valeu"
Nós brasileiros, que criamos o "desamor" e o "ódio", como forma de ginga de corpo e comportamento social, reinventamos a nossa forma de amar

"Em linguística, o estudo da evolução linguística (ou mudança linguística) é comumente realizado no âmbito da linguística histórica"


Em tempos de vida de gado, fake news, neurolinguística, rachadinhas e negacionismos e o ódio a Talibãs afegãos, é somente de boca pra fora, a polarização entre a minoria gigante e a maioria pequenérrima, no Brasil


Cria novos verbetes:


ELES: - Ahh vai pra Cuba, seu esquerdopata comunista
NÓS: bolsominion, mete o pé pro Afeganistão, seu talibã tupiniquim

O abraço, antes da Covid 19, já estava morrendo
( Toca Zero Counter, do Cabeça de Nego)


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A mentira tem perna curta

Por Francis Ivanovich


Jamais esqueci de uma cena em 2018, quando após as urnas eletrônicas confirmarem a vitória de Jair Bolsonaro, eleições limpas, vale ressaltar, ouvi de uma senhora moradora da Tijuca, Zona Norte do Rio, uma conhecida, de que ela havia votado nele, porque o Brasil precisava de ordem e progresso. Foi uma frase marcante que, confesso, não consegui refutar, em meio a perplexidade da vitória do candidato de direita. Passados quase três anos, não sei o que essa senhora pensa dos dias atuais, mas quero crer que ela, assim como qualquer pessoa de bom senso, tenha discernimento para constatar, sem medo, de que este governo é, sem dúvida, desordem e atraso.

Muitos dos que votaram em Bolsonaro hoje se sentem traídos. Na verdade, muitos desses eleitores foram enganados e influenciados por uma máquina digital fabricante de mentiras, sem precedentes da história, além da montagem de uma farsa jurídica arquitetada pelo Juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, que culminaram na prisão de Lula, impedindo-o de participar daquelas eleições. Uma trama impressionante, em que a demonização do Partido dos Trabalhadores e de Lula, acabaram cooptando pessoas como a senhora que me disse tão marcante frase.

Adolf Hitler em seu círculo criminoso repetia uma frase: "as grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentira pequena". Um dos que ouviam essa frase do ditador alemão, era Paul Joseph Goebbels, o ministro da propaganda na Alemanha Nazista entre 1933 e 1945, quando o regime hitlerista foi derrotado. Goebbels era, mal comparando aos dias de hoje, um grande fabricante de Fake News. Sabia como poucos manipular a informação e influenciar o povo alemão no pior sentido. Hoje, no Brasil, cada vez mais compreendemos como foi possível o aparecimento de uma figura como Hitler na Alemanha. Ao que tudo indica, os regimes ditatoriais utilizam-se como matéria-prima fundamental para seu projeto de poder, a mentira.

O atual governo brasileiro não tem como negar que mente. O presidente Bolsonaro, por exemplo, segundo o relatório da Organização Não Governamental Global de Expressão 2021, fez declarações inverídicas cerca de 1682 vezes, uma média de 4,3 ao dia. É neste ponto que entendo ser chave para entendermos ser um dos fatores da debandada de eleitores que a cada dia se sentem enganados. Outro fator importante é a insegurança. Este governo e seus seguidores passam, a cada dia, sensação de insegurança, descontrole, desordem. Um dos episódios recentes que muito assustou as pessoas de bem deste país, foi o vídeo em que os cantores Sergio Reis e Eduardo Araújo conclamam os caminhoneiros para paralisar o país.

Enquanto isso, do outro lado, vemos um líder maduro, coerente, sensível, que pensa de fato na ordem e no progresso do país. Um líder que não perde precioso tempo com a discussão rasteira, o bate-boca quase infantil. Lula demonstra a todo o instante sua grandeza. Um homem de verdade, um líder preparado para enormes desafios. Se eu encontrasse outra vez aquela senhora, certamente com cortesia lhe convidaria a abrir os olhos e o coração para a realidade. Como diz o povo, a mentira tem perna curta. E este governo já está de joelhos.

* Francis Ivanovich é jornalista, diretor de teatro e cinema e autor