sábado, 29 de agosto de 2020

REFÉNS DO SER VIL

 



REFÉNS DO SER VIL -  de Sylvio Neto 
Foto acervo Kaxinawá - Ricardo Stuckert

Para que?

Por quem?

Por que? Por que?

Bororó civilizado neném

"Cunhatã, Pavuna, Itaguaí

Magé, Saracuruna, Acari"


Quase todos te amam

Mas ninguém te quer

Por aqui...

Quantos beijos você pode dar?

Quantos beijos você deu

Naquele Yanomami

Antes do jantar?


Estariam Bush e Ariel Sharon

Na Cis-jor-da-ni-a?

Estariam George e Sharon

Na História?

Siox, Cherokee, Iroqui

Tupi, Maia, Asteca, Meri Oriedi

Estariam aqui?

Bororó?

Gil e o discurso de Ministro?

Estariam aqui?

Faluja Xiita, Tupi Guarani

Anchieta, Antonil, Tomé de Souza

E tome Tomé

E tome Men de Sá

“ E por mais de mil léguas de praia

estendidos os corpos foi o que se viu”

Ser vil


Estaria ainda aqui, Men de Sá?

E Sabra e Satila de Sharon?

E a triste história da noite

Dos mil mortos?

Eu vi na televisão

Gilberto dizer de harmonia

No renascer da cultura calada

Do Povo Novo

Junção harmônica

Entre a tradição e a invenção

Como num conto de fadas

Como Domingo no Parque


Tribo, aldeia , taba 

Tribo, aldeia , taba

A-flu-en-te,

Negro, Ji-Pará

Andiroba, xique-xique, jequitibá

Calango, Jesuíta, redução

Aldeiamento, reino de fogo, trovão


Assentamento, refugiado, Hebron

Sem Terra, MST, Funai

A-flu-en-te,

Paraty, Goias, Goytacaz

Pimenta do reino na feitoria

Faz backing vocal no tempero

E tem cheiro


Cor de ouro e prata

A bota, o arcabuz e o facão

Arriam a floresta no chão

E impõe o concreto da razão

Sem

O alicerce de cocar e o louvor a Terra

Que o Xamã vermelho chamou

Para despistar Anhangá

Durante o Huka-Huka dos Kamaiurá


No Kuarup

Araribóia, Sardinha

Vieira, Tchucarramã, Raoní

Eu quero os irmãos Villas Boas aqui

Estamos todos marcados

Mas

Há apenas um deus que corre nas veias

E que nos acaricia o rosto

E sustenta os pássaros?

Não,

Eles são mais de um

Em Guarací, Jaci e Rudá

Eu vejo o Brasil na TV

E o que foi o início

De EU a VOCÊ

Mas não sinto o canto da mata

Quase não ligo

Quando você mata

E talvez finja não ver

Quando matam você 

Não há aqui

Um problema comum

E não se reduz ele

A apenas um

"Guanabara, guaraná, Araribóia

Vatapá, acarajé, feijão, tutu

Feijoada, Xavantes, Yanomamis

Xingu"

______ Sylvio Neto

"*", versos de Renato Aranha em Terra Brasillis

terça-feira, 25 de agosto de 2020

O desejo do padre!




O desejo do padre! - Por Zélder Reis


Incrível como alguns padres revelam suas carências, falta de empatia e desinformação nestes tempos de pandemia. Não conheço padre Antônio Firmino, não posso falar de seu caráter ou de suas rotinas, ou de sua formação. Na Igreja, Padres, Bispos, Cardeais, o Papa, o Sínodo, o Concílio, documentos e toda tradição secular católica também estão passando por um deserto chamado pandemia. 

O convívio com o povo não é mais o mesmo, os padres antigos e novos têm na dimensão da moralidade um desafio recorrente. A comunicação moderna, a conectividade e seus dispositivos, em especial o celular vai dando velocidade aos acontecimentos e requer o contraditório amor e a sensibilidade das bem-aventuranças. 

Mas preciso falar dos Bispos! Ou os bispos assumem seu papel fraternal com os padres, um pastoreio franco para uma dimensão da vida comum e das relações humanas sufocadas pelo individualismo, consumismo, escassez e desigualdade ou veremos mais padres desorientados, frágeis, incapazes de conciliar e transformar suas comunidades. 

Há que se pensar no legado dos bispos, suas atitudes recentes e suas omissões. Não é uma crítica, é um alerta. Bispos Cuidem dos seus padres, da solidão, do afeto, da empatia, de suas emoções! Certamente isso vai fazer florescer vida no povo de Deus, vai levar padres a peregrinas em suas comunidades, se misturar e voltar para missa com cheiro de ovelha!

domingo, 23 de agosto de 2020

MENTE DE BOM CORAÇÃO E COBRA DE BOM VENENO



MENTE DE BOM CORAÇÃO E COBRA DE BOM VENENO
Um Transgressor com Boa Vontade
Sylvio Neto


“ Corro e lanço um vírus no ar
A sua propaganda não vai me afetar”

(Nação Zumbi)


(...) E a grandeza épica

de um povo em formação, nos atrai

nos deslumbra e estimula.

Não importa nada: nem o traço do sobrado

nem a lente do fantástico

nem a música de Paul Simon

Ninguém, ninguém é cidadão (...)
Haity, Caetano Veloso/Gilberto Gil)


Aqueles que me conhecem, sabem que mora aqui, neste meu peito – que é senhor de tantas histórias, verdades, mentiras e mistérios – um bom amigo, um cidadão buscador de ser digno – posto que ainda não sou – um crente na Boa Vontade.

Na Boa Vontade, aliás, está a justificativa, para viver, sofrer, querer e ser. Não há, em minha boa Vontade, esta intensa moradora de meu peito, uma verdade cristã. Embora viva mergulhado neste mundo, pois que, não sou senhor potente como propõe Nietzche. E que força terei para transformar a sociedade cristã, senhora de 2000 anos? Portanto tenho aceito a contra gosto, mais isso, como imposição.

Em meu peito de Boa Vontade, impera a transgressão. Sou um cidadão transgressor. Ah! Mas não me peça para citar Lacan ou Bataille. Não consigo ser o intelectual que gostaria.

Uma série de espetáculos tem sido oferecidos ao mundo. Via satélite chegam eles a todos. A aldeia global em si é espetacular. Em sua maioria os espetáculos são ações resultantes das transgressões produzidas pelo hommo. A atitude espetacular é glamourizada pela sua multiplicação no valor agregado indexado pelas imagens da televisão. Assim foi com o WTC e suas imagens espetaculares, uma transgressão que marcaria o século, assim o é, nas explosões espetaculares de homens bomba, pessoas que estão entre a coragem e a insanidade, verdadeiros transgressores do espetáculo da vida. A pouco tempo redigi um texto que intitulei “ Morte Espetacular” , em alusão ao programa em que fora exibida e da forma como foi tratada a matéria, simplesmente transgressora, absolutamente espetacular e criminosa. Em sua maioria os espetáculos são criminosos e sangrentos. São as transgressões do mal, as transgressões daqueles que perderam a esperança e a paciência - talvez sejam o único recurso a ditadura do imperialismo (cacófono?), não sei, não estou aqui a julgar. Este tipo de transgressão que tratamos aqui, e que é vítima ou estrela dos holofotes do espetáculo, não é absolutamente, a que meu peito dá morada e abrigo.

Em meu peito de Boa Vontade, impera a transgressão. Sou um cidadão transgressor. O espetáculo de brilho que proponho é o da transgressão do bem.

“ Não paro para falar do que não quero/e se paro para falar/é de coisa que considero importante,/relevante para o crescimento mental,/social.

Estou a quase nove palmos da terra/Acima do chão, em cima da lamaQue mata , soterra e enterra a cidade (...) “ Sylvio Neto

Esta minha transgressão é mais sutil que a dos políticos ou ditos cidadãos potentes. A minha transgressão tem sido dirigida a produção de um estado de possível crescimento da sociedade a minha volta, seja enquanto educador seja enquanto agente de cultura ou como ator de um processo disperso, porém, verdadeiro de envolvimento com a crônica e o entendimento da produção cultural desta praça em que vivo. Minha Boa Vontade Transgressora, divaga em abismos é bem verdade, alguns tão profundos que não cabem aqui. Porém a maior sinergia, volta-se a atender a um chamamento curioso e animal, deste peito, que falo. Atendo ao que entendo como sendo um Amor Universal, caminho inexorável, para aqueles que ousam projetar uma melhora do hommo.

Não tenho certezas. O tempo é senhor de determinar verdades. Verdades são relativas.

Neste caminho de transgressões, principalmente nas propostas, cometidas em função do antigo e extinto Projeto Sócio Cultural Flor de Bel e em tudo, que do campo socio cultural, estive em entrega, cabe sem aperto um pedido de desculpas “ Desculpa meu peito, aqueles ofendidos, magoados e descontentes. Desculpa minha boa vontade e também a minha transgressão. Desculpa a minha ignorância. Desculpa, pois que tem havido em mim mais culpa que acertos: Há um deserto aqui onde caminho. Há uma solidão aqui onde este poeta canta. Há aqui contradições. A transgressão que me liberta do normal, da empatia e da total complacência, há de produzir em mim uma consciência mais pura do real, farei jorrar água do deserto, pois sou poeta e tudo posso de maneira concretamente escrita:


" O que está acontecendo aqui?

Nós precisamos de amor

O que está acontecendo aqui?

Nós precisamos de amor

We can love, the universal love

We can love, the universal love

Para onde estamos indo?

Caminhando assim tão rápido

Para onde estamos indo?

Dirigindo assim tão rápido

We can love, the universal love

Sylvio Neto

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

História de Cabo Frio


Livro "História de Cabo Frio" dos sambaquieiros aos cabo-frienses - por Zélder Reis


Hoje dia 17 de agosto, dia do Patrimônio Histórico, me faz pensar na resistência de professores, historiadores, pesquisadores e pessoas simples que fazem da memória cultural e histórica, a defesa de uma sociedade mais justa e inclusiva, mesmo que pra isso, tenham que mostrar uma narrativa conflitante. 

Muitas vezes essa história é transmitida via oral, pelas tradições, ou quando recebeu uma certa atenção no passado, por motivos nem sempre da preservação da memória, mas por necessidade de arquivos do patrimônio cartorial, também de fotos das famílias seculares que habitaram para colonizar ou refugiar-se nas demandas de sobrevivência ou das guerras. 

O Patrimônio Histórico precisa de atenção das gestões públicas, precisar ser difundido, precisa causar interesses as novas gerações e empresas que exploram nossas cidades, e  precisa de ser libertador. O contra ponto disso é a subserviência ao poder, a bajulação das elites e apenas torna-se reforço na retórica do colonizador.

Faço das minhas humildes palavras uma saudação ao trabalho realizado pelos Historiadores José Francisco de Moura e Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira, sinto uma harmônia dissonante na procura de sentidos e causas às novas gerações, que possam através do conhecimento e de suas origens traçar planos para uma nova sociedade.


Segue a resenha do Livro de Gefferson Ramos Rodrigues, que teve a oportunidade de ler os manuscritos e nos aguça a curiosidade. 

A história com largo recorte temporal é pouco praticada no Brasil atualmente, motivo porque merece ser saudada a chegada deste livro. Com a bagagem de dois historiadores com formação nas mais prestigiadas faculdades de História do país e pesquisadores da história local, a obra cumpre um duplo objetivo: realiza uma abordagem ampla e possibilita análises mais verticais. Para esse notável empreendimento os estudiosos consultaram vasta documentação, atendendo as exigências dos leitores mais rigorosos. Isso, sem se descuidar de oferecer uma linguagem acessível, haja vista o fato de também serem professores do Ensino Básico com longa experiência em sala de aula. O resultado é um livro único que promove o raro encontro entre erudição acadêmica e fluidez narrativa, oferecendo ao leitor a síntese mais completa que já se escreveu sobre a história de Cabo Frio.

Gefferson Ramos Rodrigues, professor de Ensino de História na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Militância e Metal – Spectrum




Militância e Metal – Spectrum do Christiano Guerra - Por Zélder Reis - 
Foto - Ilcio Arvellos



O metal é resistência, tem ai o Carlos Vândalo, Marcelo Pompeu, a Rock Press batalhando. A Sprectrum é o desejo de fazer o Metal Brasileiro sem copiar ninguém, eu sempre fui assim. Meus amigos ficavam olhando no espelho e dizendo “essa sobrancelha é igual a do Axel Rose”, mas eu falava que loucura é essa? Pode gostar, mas querer parecer com o cara? Em 2015 quando estava acabando a turnê do Mojo, disco de Blues rock da Christiano Guerra Band, eu decidi com Ludmila (produtora / esposa) colocar (Spectrum) pra fora de maneira simples, lançamos o Facebook, comecei a gravar, e a ideia era que fosse orgânico. “A Spectrum veio disso, desse espectro que eu precisei fazer pra poder ser quem eu sou” Aprendi tudo fazendo Blues Rock, mas eu precisava falar de outra forma. Vivemos cenas pesadas na história do nosso país, voltamos ao metal, e ai desenvolvi essa linguagem, ficou um tempo nos bastidores, montei a primeira formação, mas ainda não me agradava, me forçava a beber em fontes que eu não me sentia bem, amo o Rock and Roll Inglês, Americano, Alemão, mas sempre me ligo nos brasileiros, me atraiam mais porque queriam criar uma linguagem brasileira, diferente do tropicalismo. Encontrei no Carlos Vândalo uma referencia de fazer além da banda, me ensinou através da arte dele, a fazer música sem depender de banda, sem depender de outros, que você se torne completo pra que outras pessoas possam se unir a você e ai sim criar. 



O nome Spectrum é só uma aresta, a música é o meu lugar, eu não tenho rótulo, a não ser oque a imagem da minha vida demonstre, eu usei não espectro do fantasma, usei oque lida com cores, luz, transformação, e escrever com “U e M” no final. Hoje vemos as pessoas querendo vender a coisa completa, perfeita, eu quero que seja em construção. A Ludmila lançou “na borda” (primeira música e a mais arrastada) e as pessoas descobriram e está essa “bagunça” toda. Na época a gente estava vivendo uma situação onde a mulher estava sendo vilipendiada diretamente, a Presidente da Republica ou dentro da casa fechada, o machista já estava batendo, não só quando estava bêbado dentro de casa, mas também xingando a presidente, achei tudo tão absurdo, independente de lado politico, optei pelo (som) mais fúnebre, lento e pesado. Eu queria ver onde isso dava, foi quando apareceu o Doom e descobrir que ele era essa forma que eu queria. 



Eu cansei dessa conotação do som Sabbath, até porque não foi a principal influência, claro que ouvindo “Master of Reality” vendo a essência de riffs arrastados era o intuito, mas já ouvia os caras da Suécia, Finlândia. A Banda Reverend Bizarre foi principal estopim, musicas de 23 minutos, riffs entendidos longos, contando estórias da idade média, mas não fechamos a ideia ainda e estamos numa rotina de estudo, de conhecimento. Música sem conhecimento é muito triste, é propagar no Brasil um defeito, como o cara botar uma camisa maneira e não saber quem é. Tocar bossa nova e não saber quem é Tom Jobim. Pra não propagar coisas, aproveitamos a quarentena pra estudar. Pegar o Michel Leme, Pegar o Carlos Vândalo e qualquer cancioneiro Brasileiro. Eu tô atrás da música brasileira, eu tô atrás do que a gente pode chamar de Metal Brasileiro. Não sei. Korsus, Sepultura, Dorsal Atlântica já faz isso a muito tempo, as minhas influências são músicos brasileiros que estão caminhando na terceira margem, esses que dizem “eu não preciso agradar ninguém”. As linhas do Michael Leme, Toninho Horta, seus acordes invertidos, “vou fazer Doom com isso” uma fase de criação eternamente brasileira com influencias fora do Metal. 



As pessoas tem uma visão romântica do que é Underground, acham que é um lugar sujo onde as bandas sem talento tocam, não, o Underground é uma indústria, é o cara que vende a camiseta, os flyers, até a Produtora, e o público é bacana. A gente tá vivendo uma transformação, o espelho politico também esta no Underground, nos fãs, e a gente vai desvencilhando e tem muito lugar pra tocar. Fizemos o Guerrafest numa Cabo Frio muito sitiada com bares que não tocavam bandas de Hard Core ou metal. O Daniel Coelho, ex-baixista da banda, falou vamos tocar ali na praça? E conseguimos fazer várias apresentações, adquirir experiência pra fazermos o Guerrafest. Trouxemos essa experiência pra esse espaço da minha casa, com ensaios abertos, depois fizemos um festival com bandas e o público participava muito, vinha dos guetos de Cabo Frio, depois o Sem Barreiras que arrecadava alimentos assim como o Rock Humanitário. 



Quando veio pandemia, eu já era um cara mais recluso, trabalho muito em casas, saindo pouco. A pandemia cortou uma mini turnê após o lançamento da música “Borda”, foi assustador, eu fiquei muito perdido, mas a Ludmila falou vamos usar o Instagram para tentar compensar isso. Fiquei frustrado, pois não conseguimos tocar, mas dei graças a Deus por estar em casa, tranquilo, já estar vivendo com música há um tempo, mas tem gente que tá passando muito perrengue. Nós unimos com amigos e fizemos sextas básicas e entregamos. Depois aproveitamos o momento e a dádiva de estar protegidos para estudar acorde, jazz, música instrumental, aproveitar para colocar a leitura em dia, pois quem lida com cultura tem a obrigação de sair melhor disso (Pandemia). 



As letras no estilo Doom é maneira, mas é mórbido, eu adoro as bandas, elas falam muito de morte, a religião é muito conceitual. Existem bandas que optam por outro caminho e eu fui por esse lado o caminho mais humanista. A música que vamos lançar agora fala desse lado mais hermético, uma filosofia muito antiga que deu base às religiões, eu sou um hermético. A música “Chumbo e ouro” fala exatamente disso, transformar tudo que é pesado, chumbo, ruim, danoso, no ouro. Sair da ignorância caminhando para sabedoria. Eu não descobri, eu percebi isso no “Dorsal” nos caras que lidam com arte, “a guitarra é ferro, madeira e amor”. Temas como Drácula já virou outra coisa... O caminho é acrescentar e longe de mim querer ser melhor ou alcançar o lugar alto no pódio. Tem muitos temas do Brasil, do Darci Ribeiro, do Livro “Povo Brasileiro” na letra de “Borda” “A gente vive na borda”. Diziam que os alquimistas pegavam qualquer coisa e transformava em ouro, mas quando você estudar as teorias do Filósofo Hermes Trismegisto e tudo que ele vem te trazendo, descobre que você é a transformação da sua mente, a ignorância do cara no pensamento mais humano. Na Musica nova eu digo: “Dos lábios aos ouvidos iniciados” era assim que era transmutado a doutrina, a mensagem dos herméticos. 



Tem nazismo no Metal? No mundo tem espaço pra tudo e é essa imensa bolha que não se renova. Eu nasci em 1981, e logo vi o governo de direita, Collor, FHC e nunca tivemos antes do Lula um governo que não fosse de direita. Essa coisa naquela época já eram assim, as pessoas me viam com disco do Slayer e diziam que eram satanistas, Nazistas, que o Jeef henneman era um cara Nazista, eu não conheço ele pessoalmente, mas a arte do cara não me passa isso. Existe sim, o mais brutal é afrodescendente Nazista, pessoas de classe popular de direita, isso a gente vai vendo, mas oque se pode fazer? Trabalhar o mais duro possível para que as pessoas pensem, coloquem na balança delas e optem por que a isso nem ao Metal compete. Eu entendo (criticas a religião) das bandas de Black Metal do começo da era (metal) que não tinham a cultura cristã e seus avós foram colonizados, destruídos pelos Cristãos. Aldeias destruídas e colocaram uma Igreja. Oque vou esperar? Ele vai jogar pra fora a raiva dele, tem que pensar a pessoa do outro lado, e quem gosta consome quem não gosta não consome. 



O Rock morreu? Não! Nunca, se você for no Michel Leme tem rock, enquanto tiver um menino querendo achar a voz dele, se pegar um disco não vai morrer. Isso é papo da indústria porque a gente vive uma onda mundial onde a rebeldia do rock não é bem vista. O cara que começa a escutar rock quer ler livro, se não tem alguma coisa errada. Quando eu ouvi “Justice for all - Metalica” eu li Mario Puzo “O poderoso chefão”. O Rock é um trampolim ele não morre, ele se transforma. Quando a gente fala que Metal é a resistência, eu começo a perceber também que o Metal esta sendo o transformador. 



Não adianta a banda vestir a camisa do Rock e não ser completo. Não adianta gravar um disco e não saber oque fazer daquilo “disse Marcelo Pompeu”. Ou seja, a modinha não dura e no Rock é pior ainda. A minha militância é: O Músico não pode ser burro. O cara que fala quero viver de música ele tem que entender que é outra linguagem, que ele vai ter que aprender coisas, que ele acha que não tem aprender. Principalmente se portar como ser Humano, depois disso vem um caminho de vida inteira que é a linguagem musical, ler, escrever, tirar música de ouvido, concertar o instrumento, conhecer o instrumento pra lidar com o Luthier, se conhece pra pedir alguma coisa ao produtor ou pra alguém. Minha militância é essa: “Quer fazer pela onda, vai fazer” tem gente que venceu assim? Duvido. Impossível o Dream Theater, o Rush tocar de alma. É preciso encarar a música como uma Medicina ou Advocacia. Tem que se instruir. O Brasil precisa disso de músicos inteligentes. De músicos que amem a música. Se não, o comércio? Mas não tem comercio com banda ruim. Não vai sair da garagem. 



Pra fazer oque gosta é preciso saber quem se é! A música esta em mim, assim como estou na música, se eu ficar em casa tocando eu já estou satisfeito, mas isso vai me dar dinheiro? Isso vai fazer com que meus filhos estudem e que eu tenha comida? Não. Então tenho que me profissionalizar. E vai depender de sua maneira de viver, abrir mão de muitas coisas, Entendi que não existia o Rock Star, aquilo era uma criação, uma mentira. Eu saio da minha cultura. dei aula, Fiz trilha de cinema, dingle, toquei em bar, na rua, sem preconceito. Tem artista que se for tocar na praça acha que vai mostrar pra sociedade que esta passando fome, mas tem que ter humildade. Pra transformar arte em trabalho, você tem que se sentir o menor de todos. Cortar metade das ilusões, quebrar um monte de estereótipos para virar uma profissão. 



A única certeza que tem nesse caminho é estudar, ao musico que tá começando estude. Se aperfeiçoe, se tá legal não é isso que o mercado precisa. É o perfeito, o maravilhoso, e não vai ser a cópia do Disco do Black Sabath? Vai ser quando você consegue ser sincero com você mesmo. Eu estou nessa busca, intensa, sem certezas, você pode fazer um disco de 40 mil dólares mas se o público não gostar você está ferrado. Tenta descobrir as frustrações, pois as vitórias são milhões de fracassos. “Amor pela música você não toca, não sente cheiro, não agarra e prende em lugar nenhum, ela passa por você”. 



Agradeço aos leitores e mando a mensagem que o amor a tudo vence, faça com amor seja lá oque for, não tenha vergonha de amar, ame que a solução vem, a coisa acontece. Eu estou lutando para isso, não sou o maior exemplo, tô na luta, tô na busca, ao máximo, perdoe e ame. O resto acontece. 



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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Nesse Novo Normal




Nesse novo normal - por Isac Machado de Moura 


E, enfim, estamos retornando com tudo para esse "NOVO NORMAL". E nesse NOVO NORMAL, perto de 1000 pessoas morrem todos os dias, só por covid-19.

E DAÍ? O que isso importa? TODO MUNDO MORRE UM DIA. Se nenhum dos 1000 mortos diários é um parente ou um amigo muito chegado, que importa? É o NOVO NORMAL.

Nesse NOVO NORMAL não cabe frescuras como EMPATIA ou COMPAIXÃO. Nesse novo normal se compartilha notícias de morte sorrindo. O que importa é a reabertura dos shoppings, dos templos, das escolas, por que não? "Crianças, adolescentes e jovens são assintomáticos, não são?" Então. Que abram as escolas. Quem se preocupa com a professora, com o professor, com a tia ou o tio da merenda, da limpeza, da administração, com a equipe gestora, pedagógica, com o pessoal de manutenção? E com os velhinhos das casas dos estudantes? Nesse NOVO NORMAL, "quanto menos somos, melhor passamos".

Desejava-se a morte de pelo menos UNS 30 MIL, já estamos chegando a 100 MIL pelos números oficiais. No NOVO NORMAL brasileiro, na contramão da ciência planetária, tem fartura de Cloroquina e "remédio de verme" para combater um vírus com o qual cientistas perdem tempo ao invés de vermifugar e cloroquinar todo mundo. E é um verme que anuncia a cloroquina até para animais, como o gado do país e as emas do palácio. As emas recusam.

Contra o verme, o melhor remédio se chama voto, mas nesse NOVO NORMAL, as igrejas pertencem ao verme, e isso quer dizer que enquanto os púlpitos de igrejas forem palanques eleitoreiros, sempre haverá um verme no poder. É uma nova política, com centrão e tudo; é uma nova igreja, disseminando mentiras e ódios; é um novo normal; é uma nova promoção eleitoral/presidencial em que se elege um presidente e se ganha mais três; é vereador com gabinete em Brasília; é a presidência com um gabinete de ódio em quase toda igreja evangélica, outros na Canção, outros no Manzotti.

Nesse NOVO NORMAL, as igrejas milagrentas precisam se reunir presencialmente para promover sessões de cura da covid, porque à distância, sem dinheiro rolando como no presencial, os bispos curadosos não conseguem.

Nesse NOVO NORMAL, um pastor-cantor da Assembleia de Deus faz live xingando ministro do STF, ameaçando, bufando, falando palavrões, possuído, e a cúpula assembleiana SILENCIA.

Nesse NOVO NORMAL, uma cantora-pastora da Assembleia de Deus faz clipe enaltecendo a violência doméstica; 

Nesse NOVO NORMAL, um pastor deputado da Assembleia de Deus faz um tratamento dentário de 150 mil reais com dinheiro público.

Nesse NOVO NORMAL, um pastor presbiteriano assume o ministério da injustiça e manda fazer ou, pelo menos, aplaude quem faz dossiê de servidores antifascistas, mas covarde que é, não assume, assim como o seu profeta.

Nesse NOVO NORMAL, um crente batista é indicado para o Ministério da Educação, mas mente tanto, que nem assume, e é substituído por um pastor presbiteriano que defende a educação pela dor. Mas esse é branco, pode até mentir livremente.

Nesse NOVO NORMAL, se anuncia publicamente a passagem da boiada em direção a ex-floresta, e fica tudo bem.

Nesse NOVO NORMAL, um general é ministro da saúde em tempos de pandemia, e exatamente como foi na ditadura, esse general pós ditadura tem como meta matar e ocultar números e até cadáveres, se preciso. É a especialidade da casa. Enfim, 1000 mortes por dia.

E ontem a imprensa vem me falar de uma tragédia no Paraná com 8 mortes, oito. Que tragédia tem "apenas" oito mortos nesse novo normal? 1008 seria um número razoável, aceitável para se noticiar como uma tragediazinha. Eu sou das antigas.

Esse NOVO NORMAL não dá pra mim não. Eu sinto as dores do mundo. Cada lote humano de mil que perdemos por dia me apavora. Os oito do Paraná me apavoram. Os meninos e a menina de Paraisópolis me apavoram. O músico preto vítima de 80 tiros do exército impune e assassino me apavora. Não estou cabendo nesse novo normal.

domingo, 2 de agosto de 2020

Carta à Gioconda e Mensagem de ontem, à Gioconda



CARTA À GIOCONDA - Por Sylvio Neto

“Tocar na afetividade feminina

– feliz acidente de percurso do domínio masculino – quer dizer se aproximar dos sussurros intermináveis das coisas.

Walter Von Rossum

Penedo, RJ, 22 Jul 20

Querida menina (que insistirei tratar por Castor, comparando-a, a Simone de Beauvoir, enquanto não for isso desagradável para ti),

O que você quer que eu faça, ainda? Se já traí a mim, nas convicções que criei e espargi com alarde.

Sinto dor por isso – não menor é claro que a excitação deste nosso negócio. Traindo, também estou um amigo (e por isso disse que traía a mim) – E tento enfim convencer-me, diante de tuas palavras e argumentos, e também de minha própria vontade e do desejo que se forma a partir dela, que é preciso – O mundo se deixou dominar com a energia destrutiva da vontade – A vontade é a verdade. Por que então, salvá-lo, se já é perdido em querer?

Não há medo em minha ação. Nem arrependimento. Só a certeza da traição. Será erro? Buscando ser perspicaz até o fim e não encucar com o belo: “Eu tenho me morrido lentamente. Até reagir num súbito instante, pulsando vida. Até novo morrer lento” .

O que nos tornou tão atraentes? Será o simulacro pseudo-intelectual de nossa conversa afiada e distante? Ou o tom excitante que dilacera, meu instante?

Estou comovido e convencido. Também quero este momento: E não se perca em pensar que sou ou serei apenas sério e sincero, pois que, não me sai da cabeça que lateja a tua testa molhada, a todo instante.


Paz Profunda

Sylvio Neto

(Se tu é Castor, serei eu, teu Sartre)



MENSAGEM DE ONTEM: À GIOCONDA

Acordo hoje e levanto-me cheio das possibilidades que a vida oferece. Há agora, nesta manhã fresca grande, enorme e clara das 07:40, um sol vigoroso querendo ser o rei do dia

E me invade e toma a atenção a marcha linda, que divido com o sol da manhã na qual vão se incorporando vagarosamente e de forma non sense um a um o mosaico enorme de instrumentos de uma sinfônica

É o Bolero de Ravel guiando a dança os passos, trajeitos, piruetas

É o Ballet du XX Siecle, com Maurice Bejart, dançando esse Bolero de Ravel, que durante toda a noite ficou em dowload, para dar-nos (aguarde ainda um tanto, quem sabe um canto) nesta manhã os movimentos simétricos, ora leves, ora marciais de Maurice Bejart...tan tan tan tan...tan tan tan tan taaaaan....tan tan tan tanarárá...tanaráaa .

É muito lindo...Muito mesmo...

Parece você envolta em palavras escolhidas a desafiar rápida o teclado em conversa no msn, parece teu rosto cândido, pálido branco, bonito a definir-se ante a paisagem menor

Parece meu sentimento e alegria em te oferecer um poema

E o filme que ainda não desceu mais do que 2%, vai ficando para depois. Creio que durante a marugada a conexão caiu.

Mas vem ele aos poucos. Quem sabe chega todo até o fim do dia ou da semana?

Bom dia

Teu poeta,

Com amor

Duílio Egon


(Por Sylvio Neto)