sábado, 29 de agosto de 2020

REFÉNS DO SER VIL

 



REFÉNS DO SER VIL -  de Sylvio Neto 
Foto acervo Kaxinawá - Ricardo Stuckert

Para que?

Por quem?

Por que? Por que?

Bororó civilizado neném

"Cunhatã, Pavuna, Itaguaí

Magé, Saracuruna, Acari"


Quase todos te amam

Mas ninguém te quer

Por aqui...

Quantos beijos você pode dar?

Quantos beijos você deu

Naquele Yanomami

Antes do jantar?


Estariam Bush e Ariel Sharon

Na Cis-jor-da-ni-a?

Estariam George e Sharon

Na História?

Siox, Cherokee, Iroqui

Tupi, Maia, Asteca, Meri Oriedi

Estariam aqui?

Bororó?

Gil e o discurso de Ministro?

Estariam aqui?

Faluja Xiita, Tupi Guarani

Anchieta, Antonil, Tomé de Souza

E tome Tomé

E tome Men de Sá

“ E por mais de mil léguas de praia

estendidos os corpos foi o que se viu”

Ser vil


Estaria ainda aqui, Men de Sá?

E Sabra e Satila de Sharon?

E a triste história da noite

Dos mil mortos?

Eu vi na televisão

Gilberto dizer de harmonia

No renascer da cultura calada

Do Povo Novo

Junção harmônica

Entre a tradição e a invenção

Como num conto de fadas

Como Domingo no Parque


Tribo, aldeia , taba 

Tribo, aldeia , taba

A-flu-en-te,

Negro, Ji-Pará

Andiroba, xique-xique, jequitibá

Calango, Jesuíta, redução

Aldeiamento, reino de fogo, trovão


Assentamento, refugiado, Hebron

Sem Terra, MST, Funai

A-flu-en-te,

Paraty, Goias, Goytacaz

Pimenta do reino na feitoria

Faz backing vocal no tempero

E tem cheiro


Cor de ouro e prata

A bota, o arcabuz e o facão

Arriam a floresta no chão

E impõe o concreto da razão

Sem

O alicerce de cocar e o louvor a Terra

Que o Xamã vermelho chamou

Para despistar Anhangá

Durante o Huka-Huka dos Kamaiurá


No Kuarup

Araribóia, Sardinha

Vieira, Tchucarramã, Raoní

Eu quero os irmãos Villas Boas aqui

Estamos todos marcados

Mas

Há apenas um deus que corre nas veias

E que nos acaricia o rosto

E sustenta os pássaros?

Não,

Eles são mais de um

Em Guarací, Jaci e Rudá

Eu vejo o Brasil na TV

E o que foi o início

De EU a VOCÊ

Mas não sinto o canto da mata

Quase não ligo

Quando você mata

E talvez finja não ver

Quando matam você 

Não há aqui

Um problema comum

E não se reduz ele

A apenas um

"Guanabara, guaraná, Araribóia

Vatapá, acarajé, feijão, tutu

Feijoada, Xavantes, Yanomamis

Xingu"

______ Sylvio Neto

"*", versos de Renato Aranha em Terra Brasillis

8 comentários:

Patrícia do Prado disse...

Vc fez uma imersão na cultura indígena para nos aflorardl da urgencia de defender povos irmãos. Parabéns!

Patrícia do Prado disse...

Vc fez uma imersão na cultura indígena para nos aflorardl da urgencia de defender povos irmãos. Parabéns!

Rueda disse...

Parabéns, muito profunda a poesia.

Sylvio Neto disse...

Olá Patrícia, que emoção bacana, acordar este domingo com.a publicação e seu comentário
Antes, do atual governo, bem antes
Ainda, quando os pensadores e conquistadores do mundo ousaram imvadir a América, tudo se tornou capital
O que antes era Mercantil, que surge da transição do feude e terras de agricultura, vai evoluindo mas relações mercantis, da exploração de pedraspreciosas, plantas árvores, peles anomais e especiarias, genocídio de nativos e o que se tornou a escravidão, com o tráfico negreiro
Evolui o mundo para o Capitalismo, nao sem a cisão das religiões que bancaram esse "redevu" de fé , morte e riquezas, de um lado os católicos autóctones desse processo, que se ajunta ao Justo Preço🤔 e segue com o universo protestante, que queria o lucro - salvaguardando, as necessidades dos judeus
O capitalismo arromna o mundo, sem.nenhum deus
Simples assim, apenas dono do pensamento quaiqueer que seja ele e contra o socialismo A assunção do materialismo e mais uma vez a morte, a nivel mundial por conta da pressa em ser "um mundo bom a bessa"
No curso, dos cinco milhões originais, chegamos a dez por cento disso
O mundo evolui e se mata mais
O mundo fica tecnológico e os nativos, são muito mais dizimados - no mundo todo
A mata atlântica dertubada os afasta e concentra mais no centro, no interno do País
E chegamos a 2020 e eles, são muito mais caçados, ameaçados, dizimados que antes
Sim, eu acordo feliz com suas palavras e durmo triste
Todos os dias
Muito obrigado e bom domingo
Sylvio Neto

Sylvio Neto disse...

Muito obrigado
Ainda as palavras do poema
E as da resposta dada a Patrícia acima
A você ainda meu muito obrigado

Renato Aranha disse...

Salve, Salve Sylvio Neto ...aprofundou e labutou na temática das "terras Brasília"
Um salve a todos quilombolas e a todas nações indígenas!

Renato Aranha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
guacoloco disse...

Boas vindas a todos e todas neste espaço de cultura e arte. Agradeço ao Renato pela visita e contribuição e partilha com nossa comunidade de leitores. Salve a Cultura!