sábado, 10 de outubro de 2020

Reflexões Sobre a Lei Aldir Blanc

 


Reflexões Sobre a Lei Aldir Blanc - José Facury

Arte da capa Yuri vasconcellos


Quando lançaram a Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, em sua totalidade, me ficou bem claro o objetivo de cada inciso:

 Inciso I - Aos fazedores culturais e técnicos da área mais necessitados.

 Inciso II - Aos espaços, grupos, rodas e coletivos culturais com CPF, MEI ou CNPJ

 Inciso III - Às produções individuais e/ou coletivas com CPF, MEI ou CNPJ concorrerem com os seus projetos de bens, serviços, aquisição de ativos e premiações, para garantir a continuidade da atividade cultural durante e pós pandemia.

E o Crédito Bancário específico para empresas culturais de grande porte sustentarem seus negócios durante e pós pandemia... Ninguém fala dela!

PERFEITO! FOI ISSO QUE APREENDI E REPASSEI...UMA AÇÃO DA GALÁXIA HUMANISTA.

O que mudou?

A regulamentação, o medo, a covardia de gestores e seus procuradores que se entregaram aos velhos e costumeiros lobbies empresariais da cultura.

A princípio porquê abandonaram a simplicidade da lei e querem colocar aquilo que seria o Crédito Bancário, dentro do Inciso III, que não pertence às grandes empresas, e sim às produções médias...

O gestor dos estados e municípios que não se renderam ao pior, estarão dentro do espírito emergencial.

Os que não, criaram dificuldades para agraciar seus abnegados e afastar os incomodados...


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

SOLIDARIEDADE




SOLIDARIEDADE - por Sylvio Neto

     As conspirações nascem no interior dos homens e transcendem ao mundo externo, dando a humanidade revoluções, que produzem maiores ou menores processos de esperança, liberdade e paz. Fala-se das Conspirações do Universo, verdadeiras coordenadas cartesianas que nos encontram e emanam transformações que apenas a nós servem ou de caráter ainda mais genial transcendem e trazem as transformações que servem a humanidade. A história da humanidade, mistura-se a mística ação de conspiradores supra-humanos que transformaram o pensamento universal, tanto quanto a ação devastadora dos predadores da "boa vontade", aquela mesma citada por Emmanuel Kant e presente nas ações de Jesus Cristo, Maomé, Moisés, Buda, (...). Estes profetas, estiveram acima e além das palavras, foram o verbo e continham sua ação, foram um ponto em encontro com o tempo, foram a conspiração do universo em torno da "vocação alicerçada na especialização e posta a serviço de uma tomada de consciência de nós mesmos e do conhecimento das relações objetivas".Em torno da força criada por cada um dos citados, surgiu uma solidariedade diferente da que conhecemos hoje. Uma solidariedade devastadoramente revolucionária, que a ciência dos homens comuns, talvez neutros, elevou à disputas e consagrou através de dogmas, em religião. A teologia, que guardou, envolveu e rompeu a unidade solidária desta imensa revolução, quer seja pela exigência do "sacrifício do intelecto", quer seja pela absorção capitalista – e das várias e sérias implicações, que esta ação indica – trouxeram ao nosso mundo atual, uma neutralidade, uma percepção diferente das ações de solidariedade.

 

     Conspirações, rebeliões e revoluções contra a boa vontade, flagelaram o mundo, e inventaram um novo olhar que guardou um certo "desencantamento do mundo", e aquelas ações solidárias passaram então a somente enfeitar a alma.

 

     Imantados por uma magnífica atitude magnética, composta por um altruísmo que inventa um novo estilo, presentes na palavra e na ação, Gandhi, Martin Luther King, Bispo Tutu, madre Thereza de Calcutá, (...), foram menos proféticos, menos santos, reais articuladores de uma mobilização humana em torno das ações positivas de boa vontade e de solidariedade de caráter universal. A busca pela desestatização do espetáculo da neutralidade – que se entregou o mundo - foi a grande graça de suas ações. Misturando-se ao próprio conceito de solidariedade buscaram apaziguar a verdade do conflito – muito ao contrário de onde estão hoje, bastante além do conflito, os já aqui citados, pois que estão absorvidos por uma tolerância absolutamente neutra, creditada às imagens, palavras sagradas, rezas e orações.

 

     Uma linha tênue separa solidariedade de assistencialismo mas com a racionalização dos valores da boa vontade, instalou-se a reinvenção da solidariedade no Brasil na pessoa de Betinho, o homem, a carne, o real – nada santo, nada pastor, nada padre e sem mandato político – porém, aquele que uniria a palavra com a ação social (o homem faz). A ciência que há na intelectualização, a dádiva que existe na vocação e a graça que corresponde à boa vontade, internalizadas em um homem que teve a capacidade de fragmentar conflitos humanos trazendo a solidariedade de volta ao dia a dia dos comuns e das ações públicas.

 

Sylvio Neto


segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Chiquinhos

 


Chiquinhos - por Isac Machado de Moura



Eu estou MUITÍSSIMO encantado com a carta encíclica FRATELLI TUTTI, do papa Chiquinho. 

Ainda não terminei a leitura. Estou sorvendo devagar cada tópico, como quem ler os evangelhos de/sobre Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, vou sentindo uma tristeza danada, porque a religião de Francisco não pode ser a mesma dos católicos que odeiam, dos padres que pedófilam, da Igreja do sino de seis milhões, em Goiás, dos católicos do cercadinho ou dos manzottis que negociam a fé por concessão de rádio e TV. 

A FRATELLI TUTTI tem sabor de tutti-frutti, tem cheiro mais de coexistência que de tolerância, tem as cores de Júlio Lancellotti pelas ruas de São Paulo. Leio e paro e penso e releio e suspiro. Essa carta encíclica resume a espiritualidade de Jesus, focada no outro, o encontro de um samaritano (um palestino de hoje) com um judeu ferido; o encontro do pastor Kléber Lucas com o babalawo Ivanir dos Santos; o encontro do padre Lancelotti com cada morador em situação de rua de sua comunidade; um grupo de evangélicos com um grupo da Umbanda ou do Candomblé para ajudar na reconstrução de um terreiro destruído. 

A FRATELLI TUTTI seria, se os católicos brasileiros vivessem a religião de Francisco, um pedido de perdão; um religare; um foi mal aí por toda uma história de opressão; um arrependimento das alas que, junto aos evangélicos fundamentalistas, apoiam incondicionalmente esse governo de morte e suas atitudes anti-evangelho, anti-Cristo, anti-Francisco. 

A FRATELLI TUTTI é um abraço planetário na humanidade, o respeito a cada cultura, a cada grupo religioso. É a encíclica de dois Franciscos, o de Assis e o latinoamericano no Vaticano. A FRATELLI TUTTI é um resumo dos evangelhos de Jesus. Gostaria muito que cada católico lesse a FRATELLI TUTTI. Ela é tão clara e tão simples e tão pés no chão, que nem precisa de um dicionário ou de um vaticanista para ser esclarecida, entendida. 

Mas que essa leitura não fosse feita como fazem evangélicos e católicos diante de Coríntios 13, que leem, recitam, mas não praticam, apenas usam como amuleto, da mesma forma equivocada que fazem com alguns salmos, cujas páginas amarelam de tanta exposição. Deixam a Bíblia aberta em um deles, mas não se abrem para ele. Simplesmente usam como se fosse uma carranca do Rio São Francisco ou uma ferradura atrás da porta. 

São dois extremos, na verdade: a FRATELLI TUTTI e o manual segregacionista cheio de ódio dos católicos de bolsonaro. A FRATELLI TUTTI é um texto para todos os católicos, para todos os cristãos, para todos os humanos. É SOBRE A FRATERNIDADE E A AMIZADE SOCIAL. Não é sobre liturgias, é sobre o amor, o cuidado, a espiritualidade do Cristo, o seu carinho irrestrito com todas e todos. 

Que venha sobre nós todos e todas, sobre católicos e evangélicos, sobre toda a espécie humana as bênçãos da FRATELLI TUTTI, e que a partir de nós se estendam para as outras espécies, para as outras formas de vida, para o nosso país em chamas desse fogo dezessete, cujo fósforo primeiro foi riscado por cristãos evangélicos e católicos, que seguem alimentando tais chamas com ações ou omissões. 

FRATELLI TUTTI.

sábado, 3 de outubro de 2020

A CARA. BOTA A CARA

A CARA. BOTA A CARA

Apenas Olhando e Vendo o Que não pode Deixar de Ser Visto

 Por Sylvio Neto

 

“ a violência, em especial contra as populações de baixa renda,

é uma atividade lucrativa em áreas de periferia.

Atende a empresários bem sucedidos, mas inescrupulosos,

atende a políticos vinculados a grupos de extermínio

e dá mercado de trabalho a policiais corruptos”.

Doutor em Sociologia pela USP  o sociólogo José Cláudio Souza Alves

 

Tenório Cavalcanti, ex-deputado federal

que com sua metralhadora, apelidada de Lourdinha,

desafiava a corrupção e os poderosos

que dominavam o município fluminense

de Duque de Caxias.

 

Delineia-se de forma absolutamente exclusiva a forma como se apresentam e se comportam os políticos e autoridades de nossa conurbada e conturbada Baixada Fluminense. Não bastasse serem quase todos egressos de um modus vivendus particularmente produzido por ações assistencialistas e por comportamentos e idoneidade afins com a margem da ética, da moral e do senso injusto com o que diz respeito às normas jurídicas que regem seu comportamento econômico-financeiro e social – que está na maioria dos casos a margem da lei.

Desfilam eles, em sua grande maioria, em belos carros de luxo filmados com o conhecido insulfilm G5. Assim, homens e mulheres públicos excluem-se da paisagem que deveriam fazer e ser parte como agentes e autoridades investidos de um poder público, eximem-se de atender a necessidade do eleitorado em continuar a simpática ação dos beijos e abraços das campanhas eleitorais e, sobretudo de prestar contas de seus mandatos.

Por que um cidadão público esconde-se atrás de vidros negros artificiais? Por que o não a transparência?

A constatação em que se envolve este texto, é um mais do mesmo...

É comum e trivial, poderia ter como tema e música incidental a canção da extinta banda Baixada Super 8, “ De Dentro do Meu Carro Não Vejo Ninguém” .

Quem sabe queiram eles, os políticos, imitar os Pop Stars da Cidade Negra, afinal são eles também da Baixada Fluminense... Se os artistas podem esconder-se atrás dos vidros negros de seus lindos carros e matar a saudade das ruas e dos conhecidos que lhes deram alguma inspiração, podemos também nós políticos, ora bolas!!! Devem dizer eles no fresco do ar condicionado e no escondidinho de sues carros.

Quem sabe no calar opaco dos vidros, possam eles incógnitos analisar melhor o dia a dia, o ir e vir, o vento, o sol, a calmaria e o arder nos olhos das cidades que governam e ou legislam?

- É vai ver é isso...

Vale a pergunta: Zito, que é também egresso do time que compõe a tese do doutor em Sociologia pela USP, o sociólogo José Cláudio Souza Alves, pró-reitor de extensão da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), “Dos Barões ao Extermínio” e que teve uma aceitação invejável em seus dois mandatos a frente do governo do Município de Duque de Caxias, esteve sempre nas ruas, esteve sempre de mangas arregaçadas e calças dobradas quando desgraças naturais ofendiam sua cidade com vendavais, lama, esgotos entupidos, galerias pluviais a regurgitar as águas das chuvas por conta das camas, sofás, travesseiros, colchões e garrafas PET que lhes impedia o livre trânsito até a Baia de Guanabara... Por que Zito desfilava a pé ou em carro aberto e não tinha necessidade de estar incógnito? – O pequeno exército que o acompanhava não me causa espanto. Pode-se ainda hoje, encontrá-lo no Restaurante Mussarela, de bermudas e chinelas, a degustar a deliciosa cachaça Seleta...Pode-se ainda hoje encontrá-lo na feira de tradições nordestinas de Duque de Caxias a deliciar-se de uma lautosa buchada de bode.

Seu homônimo, da Belford Roxo dos idos tempos do pleno desenvolvimento, Joca – O iniciador do processo de emancipação e prefeito transformado em mito (após a morte por assassinato), pela grandeza de suas realizações que até então não havia encontrado similar e que por elas, pode-se sem constrangimento esquecer de que, massa bruta, essência e fôrma fora gerado, também era um homem das ruas, homem de botar a cara.

Os  compositores e artistas ligados ao funk e provenientes das comunidades carentes, em suas letras, ousam usar a frase “Bota a Cara”, a frase define uma ética daqueles que se acostumaram à vida humilde e violenta das favelas e sem vergonha mostram-se por inteiro nas letras de suas músicas e na forma como dançam.

Por que então esconder a cara, aquele que prometeu e se comprometeu através dela fazer de seus atos a transformação necessária para a conquista de bens sociais e humanos para seus eleitores e não eleitores?