SOLIDARIEDADE - por Sylvio Neto
As conspirações nascem no interior dos
homens e transcendem ao mundo externo, dando a humanidade revoluções, que
produzem maiores ou menores processos de esperança, liberdade e paz. Fala-se
das Conspirações do Universo, verdadeiras coordenadas cartesianas que nos
encontram e emanam transformações que apenas a nós servem ou de caráter ainda
mais genial transcendem e trazem as transformações que servem a humanidade. A
história da humanidade, mistura-se a mística ação de conspiradores
supra-humanos que transformaram o pensamento universal, tanto quanto a ação
devastadora dos predadores da "boa vontade", aquela mesma citada por
Emmanuel Kant e presente nas ações de Jesus Cristo, Maomé, Moisés, Buda, (...).
Estes profetas, estiveram acima e além das palavras, foram o verbo e continham
sua ação, foram um ponto em encontro com o tempo, foram a conspiração do
universo em torno da "vocação alicerçada na especialização e posta a
serviço de uma tomada de consciência de nós mesmos e do conhecimento das relações
objetivas".Em torno da força criada por cada um dos citados, surgiu uma
solidariedade diferente da que conhecemos hoje. Uma solidariedade
devastadoramente revolucionária, que a ciência dos homens comuns, talvez
neutros, elevou à disputas e consagrou através de dogmas, em religião. A
teologia, que guardou, envolveu e rompeu a unidade solidária desta imensa
revolução, quer seja pela exigência do "sacrifício do intelecto",
quer seja pela absorção capitalista – e das várias e sérias implicações, que
esta ação indica – trouxeram ao nosso mundo atual, uma neutralidade, uma
percepção diferente das ações de solidariedade.
Conspirações, rebeliões e revoluções
contra a boa vontade, flagelaram o mundo, e inventaram um novo olhar que
guardou um certo "desencantamento do mundo", e aquelas ações
solidárias passaram então a somente enfeitar a alma.
Imantados por uma magnífica atitude
magnética, composta por um altruísmo que inventa um novo estilo, presentes na
palavra e na ação, Gandhi, Martin Luther King, Bispo Tutu, madre Thereza de
Calcutá, (...), foram menos proféticos, menos santos, reais articuladores de
uma mobilização humana em torno das ações positivas de boa vontade e de
solidariedade de caráter universal. A busca pela desestatização do espetáculo
da neutralidade – que se entregou o mundo - foi a grande graça de suas ações.
Misturando-se ao próprio conceito de solidariedade buscaram apaziguar a verdade
do conflito – muito ao contrário de onde estão hoje, bastante além do conflito,
os já aqui citados, pois que estão absorvidos por uma tolerância absolutamente
neutra, creditada às imagens, palavras sagradas, rezas e orações.
Uma linha tênue separa solidariedade de
assistencialismo mas com a racionalização dos valores da boa vontade,
instalou-se a reinvenção da solidariedade no Brasil na pessoa de Betinho, o
homem, a carne, o real – nada santo, nada pastor, nada padre e sem mandato
político – porém, aquele que uniria a palavra com a ação social (o homem faz).
A ciência que há na intelectualização, a dádiva que existe na vocação e a graça
que corresponde à boa vontade, internalizadas em um homem que teve a capacidade
de fragmentar conflitos humanos trazendo a solidariedade de volta ao dia a dia
dos comuns e das ações públicas.
Sylvio
Neto
Um comentário:
Parabéns pela escolha de importante tema para a reflexão. Senti falta dos keridos Júlio Lancelloti e do Leonardo Boff, da Teologia da Libertação que questionou a Igreja sobre sua dominação na assistência-dependência aos pobres e outros dogmas. Valeu camarada!
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