Escuta - por Zélder Reis
Salve companheiro,
chegou na boa
Pessoa de paz, na
escuta que ressoa
Atenção, empatia, a
luta continua, não é toa
A vida ainda tem
sentido, caminhar na chuva ou na calçada aglomerada
A boca fala do que
o coração tá cheio, mas prefiro a boca mascarada
Minhas fotos falam
de mim, no face sempre sou alegre e descolado
Se eu sumir é por que
tô bolado, um aperto no peito nem falo
Se chamam de
depressão eu chamo de interditado
Cancela, lacra no
ponto final, se for perguntar onde doi?
E se eu não souber
responder, será que vai entender? Não faz mal.
Um passo, depois
do outro, passo. Tô tentando contar
Di novo tô tentando,
tentando, tentando, tentando
Tem sempre um
gatilho, falta comida, falta emprego
Não tem remédio
pra esse desassossego?
Gatilho sempre me empurrando
pro escuro, duvido, não creio não durmo
Só alívio no som,
bem alto, a tempo todo, bem alto, nem quero, bem alto
Se tá mimimi? bem
alto, explode os miolos, bem alto, pula da ponte bem alto.
Não tem final
feliz, as manas atriz, os manos um triz e você me diz
Porque que tenho
que ser feliz? Vida viva amor brincadeira eles se amaram
de qualquer
maneira, de qualquer maneira, de qualquer maneira.
Vale o espanto, vale
me perguntar...é sua depressão ou sua prevenção?
Digo: não é nóia,
não é poesia, um grito de amor não é covardia ou me falta dor ou empatia?
só passando pra te
dar um alô, coisa que falta é amor, pra que serve a porra do celular?
Então liga pra
alguém se escutar, fica calado dá o ouvido assustado não vira pro lado. Amem.
Um comentário:
Há dias de euphoria
Absurda e ininteligivel alegria
Um bota fora
Toma, toma e toma
De tudo que sou eu
Há dias de absorta contemplação
Algum silêncio nada contra ou a favor
Nadica de sim e de não
Somente só, com as coisas da nente e alguma distância do mundo
Alguns dias, e grafa-se assim, posto que é grave, grave isso - de muito ódio
Ódio contra a impotência em esganar bolsonaro e pô-lo, a chorar numa cadeia lá no fundo do mais fundo poço
Ódio contra os fascistas, contra os amigos artistas que concordam, em andar na rua, desse lado
Ódio contra tudo que nao quero, que nao me faz rir e feliz
E quem faz?
Ódio que começa pelo nariz, olhos e bôca
Ódio na cabeça, tronco e membros
E há dias, de nadica de nada
Dias sem fala e com amor ao escuro e protetor quarto, dia que desdobra-se em vários dias sem fome, sede, asseio...
Dias e mais dias de querer não ser
Dias e mais dias aguindo do corpo, da mente coragem, cadê você?
Que nao se resolve, descansar, na noumenalidade do não ser...
Meu dia hoje é um mix de nao querer ser e falar com o dia de contemplar
Há se houvessem dias de falas no celular, há se houvessem dias de vontade de conversas longas, risos provocando vontade de viver
Vontade de amanhã, quando nasce no dia que nos levanta, é o dia da euphoria e neste
Nunca é vadia a vida vazia
Que em meus dias de voo solo
Me agarre com a força do coração
Qualquer irmão, que vibra
Qualquer irmão, que imana a força humana de amar
Dividir e doar
Que estejas sempre perto, um anjo
Sylvio Neto
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