sábado, 16 de maio de 2020

Liberdade (14 de maio) - por Fábio Emecê


Me apaixonei pela liberdade
conversei com ela até tarde
servi um café
tinha um biscoitos na dispensa 
ser livre, aaaaaaaaaah 
é uma recompensa 
ela me contou a ironia 
de usa-la pra tortura e letargia 
com um tratado raso 
legitimador de falsos pelos dourados 
cabelos maculados 
gadgets clonados 
textos sublinhados 
passos macaqueados 
a liberdade chora 
pois ela não sabe o que fazer agora 
eu que a ouço até a essa hora 
tenho a sensação que não consigo conquista-la 
ainda mais com informações cruzadas 
servidores de armas e fardas 
de vídeos de desgraças 
de torturas 
expatriamentos 
de total negação da origem do nosso nascimento 
subjugação aos holofotes 
abandonados a qualquer tipo de sorte 
Sorte não! 
Grita a Liberdade 
Sorte não! 
Grita a liberdade 
tenso mesmo 
é meu nome ser usado por todo tipo de covarde 
que não sabe meu espaço 
nem sabe minha idade 
cativam os que tem vontade 
dos pequenos 
a maior contrariedade 
para 
sorte não 
nem você que me ouviu 
não sabe o que isso, não! 
A liberdade tá indo embora 
apossaram das técnicas, das tréplicas 
agonizo nas estéticas 
não tenho mais nada na dispensa 
quem se contenta? 
Tenta conquista-la 
vale a pena?

2 comentários:

Patrícia do Prado disse...

Liberdade é utopia necessária para acreditarmos na potência da vida. Parabéns pelo belo poema!

C.Guerra disse...

Viva a liberdade!