As Flores de plástico não morrem - por Sylvio Neto
Ah!
querida minha, amor meu - vida de minha vida amada de meu viver...Ah! quanto e
quanto e quanto queria, beijar teus lábios em abraço terno e apertado após
louvar-te com flores, mas, amada, infelizmente ,segue esta destruição que
avança arruinando toda a vida e beleza de nossa Terra...
Não
há mais flores no mundo e sequer há o que comer...Não mais se encontra o verde
e o azul no horizonte...Segue tudo em tons e cores de fogo, fumaça, poeira e
cinza...
Minha
força vem de meu amor por você...E há dias que não encontro nada para comer.
Segui
teimosamente, da maneira que pude - e bem sabes, que já não ando bem das
pernas, desde que, a praga começou a comê-la, desde os artelhos até o tornozelo
- até aquela casa bonita e triste, que fica naquele bairro chique, que nós
costumávamos passear – enamorados...Aquela que tinha um grande e colorido
jardim de flores mortas feitas de material plástico reciclado – aquele jardim
por quem tu tanto chorava...triste com a sua representação inanimada...
Foi
lá, querida minha, amor meu – vida de minha vida amada de meu viver – que colhi
estas flores, pois apenas lá consegui o que já não mais existe – estavam entre
os escombros do que já foi belo e admirado – o engraçado é, que as pedras são
imortais mas as obras que elas compõe e constrói, não resistem em beleza, forma
e harmonia – ao fim do mundo.
Ah!
querida minha, amor meu - vida de minha vida amada de meu viver...Rastejando,
chegarei até onde estás a repousar – tua última morada - teu túmulo onde
haverei de depositar estas flores, que colhi e de descansar a teu lado – As
flores de plástico não morrem...
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