terça-feira, 23 de junho de 2020

CARTA DE AMOR




CARTA DE AMOR - por Sylvio Neto
Agonizando a Despedida


Queria hoje, tua presença. Ah! Sim, queria...
Ontem quis. E tive, ontem, até ontem.
Oh! Céus, como foi diferente conviver em teu ambiente, gozar com teu gozo. Esposar-te na hora de meu despojo, razão e hora do amor todo, que guardei para aquele instante.

Quis tanto você, na verdade, que esqueci toda minha vaidade, e a maldade possível tão dita, pelos que olharam, séria, minha dedicação e instante.
Eu só quis fazer teu mundo novo, quis sorrir feliz de novo, quis uivar olhando estrelas, céu, noite e luar...

Eu quis perfumes, cores e sombras que vejo ao me outrar, quis enfim respeito acima de tudo, pois que, amor sem razão, é esquisito, é putaria, puro conflito.
Ah! Quanto te quis, não vais saber nunca, pois que, na mentira ficou a vontade, que é grande amiga, da verdade.

No grito, na confusão mental, no escândalo, foi-se o outro resto.
Em sinal de protesto, calei...Não te vi. Não te quis.
Sofri meu medo, perdi meu segredo.Voltei a ti – no embaralho.
Pro caralho a solidão, ao inferno com a razão.
Da razão, o sentimento é parte, fazem-se em conjunto como na arte.Unidos à entrega, na coalizão.

Deixo aqui, este, como um beijo, não como um longo epitáfio em negro jazigo. Faço deste, minha presença, sem maldade, sem razão, pois que, este, já o é.
Só, com a vontade de ti, que antes habitou todo meu ser.
Fica em paz, encontre tua parte, mas, não te acometas mais daquela arte que ousastes pintar em mim.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá pessoal,
Em tempos de graves crises institucionais, de saúde pública e sanitária, temos o dia a dia embebido em dramas
São muitos os dramas sofridos pela sociedade
E há ainda, em recorte, os dramas interpessoais,os dramas das paixões
Nunca se matou tanto por ódio, ciúme, amor, estado alterado de mente: entre os mortos, mulheres em grande número, jovens negros em grande número
Haveremos de gritar juntos - antes que a terra me engula: O Amor Venceu

guacoloco disse...

É bom ir descobrindo uma ação, um sentimento, uma transformação nos sentidos comuns que usamos as palavras as vezes, sair de nossa compreensão e ir pela escrita, pelo diálogo conhecendo o personagem e o conflito que o envolve...sempre me surpreendo com Sylvio. Amei.