domingo, 14 de junho de 2020

Ataq Coletivo - Resistência Punk no Ativismo




Ataq Coletivo: Rocha, Tamy, Paolo e Priscila – por Zélder Reis

Uma banda Punk que nasce do Ativismo, que veio da necessidade de seus integrantes de expressar e mostrar os conflitos de uma sociedade que em 2020 produz fascismo, racismo, segregação, desigualdade e morte.

Tivemos um papo musical, politizado e cultural com os membros Rocha (Batera), paulista pedagogo, sindicalista que deletou o face para proteger seus dados dos nazistas, rs... Tamy (Vocal) Psicóloga, Militante, feminista, movimentos mulheres do Litoral, e Letrista da banda. Paolo (Guitarra) servidor público, professor de História, professos de lutas, Fundador da banda. Priscila (Baixista) não pode participar.

Nasceu em 2015 como um grupo de protesto, seu primeiro ato foi denunciar criativamente o superfaturamento de flores em Itajaí, com plaquinhas espalhadas na cidade e a frase “Prefeito, flores superfaturadas são feias” que repercutiu muito na mídia. Logo depois do fim grupo em 2016, Seba que era artista plástico do grupo e Paolo que era um ativista, fundaram a Banda, com a proposta parecida, batizaram com o mesmo nome pela afinidade de temas ideológicos. “Não foi uma continuidade, mas foi” diz Paolo.  O primeiro ensaio muito improvisado e sem baterista na casa do Seba, uma casa que chamava a atenção por sua pintura e design bem colorido do próprio Seba, que era artista plástico. Seba também era letrista e influenciou na construção da banda com Paolo que criava a vociferação das melodias Punk que é a grande influência do grupo, como Garotos Podres, Black Pantera, Dead Kennedys, Dominatrix, e Bolemia.

Sua maior atividade de show em uma cena desenhada é em Floripa, nas cidades de interior do Sul do país onde ainda resiste a cena Punk e tem mais presença de público do que as capitais. Rocha considera o momento histórico propício para a retomada do crescimento de um som mais engajado. O público que vai aos shows é uma mistura, membros de coletivos, público da banda que apoia a diversidade, ativistas dos movimentos de moradores de rua e de mulheres que se sentem fortalecidas pela letra forte e pela conquista de uma nova cena inclusiva. "Falta no Rolê Punk e Hardcore pessoas negras como a gente vê nos shows do Black Pantera, mesmo sabendo que em Santa Catarina predomina a galera ostentação e dos playboys, e assim somos a alternativa." "Nunca tocamos em Itajaí nossa cidade natal, mas já esta nos planos pós-pandemia." fala Tamy.  

Rocha define a Pandemia como covid-17 em alusão ao presidente fascista que se elegeu sob esse número com a falta de informação, fakenews, burrice coletiva ou má intenção, e a negação da politica com apoio da mídia comercial. O Ativismo de professor é muitas vezes mostrar a incoerência dentro do setor de educação alvo de perdas e ataques, mas ainda muito desinformado.

Tamy é Psicóloga e fala que o debate sobre a Diversidade é prejudicado pelo pré-conceito e desconhecimento da realidade, dentro dos espaços acadêmicos de formação profissional e nas unidades públicas de assistência de gênero. Vê perdas de programas, políticas públicas e desinteresse por palestras que levam informação aos jovens e isso é fonte de inspiração para letras de suas músicas. Paolo lembra que “Balneário é uma Cidade conservadora a luz do sol e a luz da Lua é Libertina!” completa Tamy: “O conservadorismo não dá conta de sustentar o discurso...um paradoxo!”

“Atravessar no meio” Rocha fala da escalada do fascismo! Era só discurso interno, namoradinha, agora a repercussão está na rua, na prática. A fala do (arquétipo) imbecil poderoso: Pesar negro em arroba, filho gay na porrada, copo de leite, cavalo, Mussolini, os 300, que virou 30, para-militarismo. Imagina se a gente vai lá com arma, ia tomar bala. É um processo de institucionalização do Fascismo, de discurso a pratica, se o Bolsonaro vai dar o golpe ou não, é imponderável, não dá pra saber. Mas dá pra ver que ele quer, tem tara, é a quebra, a ruptura. Mas não é o fato da esquerda ir pra rua que vai determinar isso, se for criminalizada por isso não é verdade, Se Bolsonaro der o Golpe é porque quis. Em porto Alegre a galera está fazendo recuar, um exemplo claro do fascismo é a criminalização dos movimentos antifascista, outro é a perseguição do deputado Douglas dando voz a grupos de carecas e movimentos fascistas nacionalista, fazendo lista de pessoas e bandas Antifascistas, que recebeu de carecas da pseudo cena rock. “e nós estamos na porra desta lista”, isso mostra como estão alinhados nos ideais, na politica em atitudes de perseguição. Mas as verdadeiras organizações criminosas são as que agridem negros, mulheres, Lgbts, em SP, em Curitiba, mortes, crimes, espancamentos e perseguição, são poucos, mas é com quem Bolsonaro esta se aliando.

Eu tenho uma inserção dentro do sindicalismo orgânico. Rocha fala que isso faz pensar que é um militante. “Defendo a ideia que as pessoas se organizem, em 2013 as pessoas eram muito ativas e acredito oque fez o movimento ter desvirtuado foi do horizontalismo que não sou partidário, as organizações são importantes para organizar o ativismo, não deve ser espontâneo, tem que ter uma estratégia, um objetivo. "Isso aqui vai resultar em que dê positivo pra luta? Vai trazer resultado? Não? ...Há vamos Quebrar...Qual o objetivo? Qual o resultado?  Vai ter! ...então vamos fazer organizado, discutido coletivamente, e com base numa teoria revolucionária, que não seja só para ter impacto midiático, ou se for, que seja esse o objetivo. Em fim o ativismo deve estar ligado a militância organizada com base teórica e decisão coletiva."
Tamy tem uma veia de ação direta, anarquista, mas se considera comunista. Quando ingressou no mundo das políticas públicas fez se sentir totalmente comunista, começou a ver como as coisas devem funcionar de fato, "sou feminista classista, participo de um coletivo de esquerda, a importância as práxis e da teoria para não fazer as coisas na loucura."
Paolo diz que o ativismo e militância têm que estar juntas, para o ativismo ser assertivo, tem que ter teoria e militância e além do conhecimento daquilo que se leva a paixão pela luta e lutar. Ser trabalhador é lutar pela classe trabalhadora, e as vezes a paixão leva a militância ações mais espontâneas do que estudadas. Ate onde esses movimentos que estão surgindo agora são benéficos? Tudo tem que ser baseado numa teoria assertiva, conhecida e que a gente sabe que já foi experimentada.

Rocha acha que esta na hora dos coletivos e que os partidos precisam voltar aos trabalhos de base, com movimentos sociais e identitários. "Aposto numa nova organização partidária para o protagonismo de esquerda no País". Paolo pensa nos movimento e coletivos acrescentando dentro dos partidos de esquerda.

Tamy fala do genocídio da população negra, e acredita que mesmo com a pandemia devemos ir as ruas como resistência "é o mínimo que se pode fazer." Rocha fala das reações a morte de George Floyd e segue a linha da Tamy por entender que a pandemia fez explodir a desigualdade racial e fez a pressão social estourou no EUA. Paolo diz que tá entrando em cheque os alicerceies da violência dentro no capitalismo, de gênero, de classe e de raça. "Estas reações é um ponto de ruptura com capitalismo." Tamy: Não tem como resolver o racismo se não for pela luta de classes, porque é a desigualdade social que cria isso. Não vai resolver o racismo pedindo pras pessoas não ter preconceito enquanto o negro estiver nas periferias, estiver dentro dos presídios, e sendo assassinado pela policia,  se não focar no viés de classe,  e ficar só romantizando, "Ai! Não vamos mais ter preconceito" Assim a gente não vai resolver esse problema!.

Revolução: Paolo: Estude, estude e estude. Tamy: Teoria, Ação, Luta de Classe. Rocha: Socialismo ou barbárie.

O melhor trabalho do mundo é pizzaiolo...rs, diz Rocha. A Tamy diz que tem pessoa na sociedade que não vê no trabalho uma atividade prazerosa, é como uma recompensa! "Eu luto para que meu trabalho um dia não exista" "Assistência social à pessoas em situação de vulnerabilidade."
Eu gosto do que faço na logística, mas gosto mais de dar aula, mesmo nos momentos de arrancar os cabelos ou pular do prédio, morrer. Tentar levar coisas legais pra juventude, nem sempre a gente consegue, mas trabalhar na educação é bom.

O sonho é conseguir gravar a com o baterista Rocha na Rino Records e ele na produção.
Viajar com a banda, levar a mensagem da ataque pra longe, tornar nosso som mais acessível e inclusivo, conhecer uma galera massa, Viajar, tocar com outras bandas é aparte boa, assim como o Rocha é um exemplo de uma amizade da estrada.
Rocha diz: O meu sonho é minha cachaça! Do it yourself! Se eu pudesse viver disso eu viveria. Dá muito prazer, cobrar é até esquecido as vezes, porque é um sonho. Uma coisa que é Legal, tem a ver com a alienação, o processo de produção não estão alienados do trabalho, os meios de produção são nossos, não tem essa de entregar na mão de terceiros. A gente produz.

A mensagem é: "Não desiste de nós!" Tem a Priscila que falamos pouco, mas ela toca vários instrumentos e tem conhecimento de música e formação, ela é quem manja de música pra caramba, é gente finíssima, na banda toca baixo. Eu toco guitarra e toco aquele som da banda, e tento alinhar isso a questão teórica e práxis, trazer para arte o conhecimento do mundo e da formação. "É importante para cena underground ver menos metaleiros e roqueiros fascistas."

Tamy diz: Organizem-se! A gente curti muito a cena, é legal fazer som, mas não é o suficiente, ocupar outros espaços além desses, coletivos e conselho, entender oque esta acontecendo na região, fazer parte da politica, mesmo que a gente tenha aversão a algumas coisas. A gente tem que participar de outros espaços, pra gente não ficar resumido só a cena e achar que é suficiente subir no palco, ter uma banda... e não é! Devemos ser ativos em outros espaços também!

Rocha diz: Além de tudo isso, metam a cara, experimentem, aprendam sobre produção musical, no mais, bebam água.

Um comentário:

Unknown disse...

É isso, não desistir, não esquecer resistir e "beber água"