Não queria fazer um diário,
pois queria me permitir abstrair, dar chance a saúde, dar asas a uma imaginação
confinada, um diário poderia abrir a porta da depressão que assombra todos
neste momento onde gestamos a distopia. Então hoje fui ao calçadão da praia pra
caminhar e pegar sol por 30 minutos acredito que isso quebre o isolamento e
também a quarentena, mas fui, e vi a cena que me fez pegar o lápis e escrever.
Vi os agentes públicos de
segurança em campanha para promover a quarentena, usando carros de som,
viaturas, motos, Quadriciclos circulando nas praias, e mais a frente vi um
jovem pedalando sozinho na areia da praia, neste momento foi em sua direção 2
quadriciclos pilotado pela PMSC, numa ação cinematográfica, alta velocidade,
com sirene ligada, em uma manobra fechou a Bicicleta que era pedalada
calmamente, e aos gritos expulsou o jovem de uma praia deserta.
Será possível justificar essa
ação? Pandemia é novidade as últimas gerações e só nossos avós lembram, para um
país que não viveu guerras, é natural a resistência à quarentena, somos resistentes
ainda à consciência da solidariedade mesmo que afetados pelo choque de
realidade com as mortes na Itália, não sabemos se produzirá o seu potencial civilizatório.
A vida esta em primeiro lugar?
Os mais frágeis em primeiro lugar? Não é isso que vemos das autoridades, que
insistem na lógica da lei, da ordem e que os fins justificam os meios, prova
disso os decretos, as falas em veículos de comunicação, e na fala dos agentes
públicos. A repressão esta na fala do governador Dória quando cita entre tantas
aglomerações o baile Funk, e põe o alvo na favela, poderia ser o alvo de testes
do vírus, ou de abonos, ou suspensão de tarifas públicas, mas é o alvo da
repressão da força policial, onde se faz resistência, onde partidos organizam o
povo, onde os sindicatos se reúnem para lutar por direitos, onde a
solidariedade organiza o movimento popular e questiona o poder.
Será que é fim moral do
neoliberalismo? Esta sendo decretado por muitos, não por ter dado certo, mas
por uma classe média frustrada com o rentismo, e seu empreendedorismo sem
demanda, o povo sofre perda promovida por uma bruta desigualdade no mundo e no
Brasil, o desmonte do SUS sistema único de saúde, a falta de leitos, falta de
respiradores na crise do covid-19, a desigualdade representada, pelo
desemprego, precarização das relações de trabalho, a população de rua e a
população carcerária, são a confirmação que ninguém quer defender o
neoliberalismo.
Então amigos é momento de
proteger vidas, sejam ameaçadas por vírus ou por fome!
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