quarta-feira, 2 de junho de 2021

A gente não mudou o mundo, mas aprendeu a ama-lo.

A gente não mudou o mundo, mas aprendeu a ama-lo. 
Por: Zélder Reis

Esta é uma das imagens mais intrigantes e sensíveis dos atos do 29M. Aparentemente um jovem, todo protegido de EPIs, levando um carrinho improvisado com saco preto amarrado simbolizando um saco de defunto e um cartaz: "Eu trouxe meu pai, ele havia votado em você Bolsonaro".

Por mais que pareça um simples protesto nos faz pensar: Por que um filho traria o corpo do pai já sem vida para um ato público e politico. Sanitariamente teria que enterra-lo sem velório e sem despedidas. Se pensar na forte ligação entre pai e filho seria o último passeio, a saideira no bar, as páginas finais do livro que o velho gostava ou simples medo da solidão.

Mas esse jovem nos conta um segredo. “Ele havia votado em você Bolsonaro.” Essa parte eu entendi, o tamanho do papel era pequeno. Ele queria dizer mais, que o Pai acreditou em suas mentiras, vestiu a camisa amarela e condenou os comunistas, gays, mulheres, negros, Brasil acima de tudo e deus acima de todos. O simples: Havia votado. Explica tudo e faz refletir no voto sem consequências.

Hoje é preciso respeitar o luto e desejo de um jovem equipado de EPIs, um corpo contaminado e lacrado para não contaminar. Mostrar sua dor, a mesma de amigos e parentes de 460 mil mortos pela pandemia do covid19, essa que muitos negam e outras já não percebem mais, porque nos tornamos um grande cemitério.

Esse jovem pode ser um a artista, um militante, mais um brasileiro que conseguiu por pra fora um sentimento que aprisionado adoece, que inspirado vira arte, que revoltado vira guerra, que indignado vira Libertação.

Dedico este texto aos mortos e aos vivos, pessoas que perderam amigos, familiares de sangue ou não. Ao meu amigo Evandro Aleluia. Descanse em paz, a gente não mudou o mundo, mas aprendeu a ama-lo.

2 comentários:

Sylvio Neto disse...

Saber tirar fé de onde ela não existe e fazer existir esperança quando simplesmente - Governo, já seria o bastante

Por nao ser religioso cristão - tento sempre não ofender e, por tal - Não escrevi afirmando, o que gira em minha cabeça: A fé, está distante da fenomenologia, da metafísica

A fé, esta na ciência e hoje, o corpus christ tem na sua Eucaristia a força do milagre da vacina, transubstanciada tal como a hóstia, no corpo de cristo - livre das chagas e livre do covid

E ele, seremos nós: Mas quando?

guacoloco disse...

Perfeito, a fé é o caminho, não o fim.